quinta-feira, março 14, 2013

VIII. 

fechar os olhos. comer uma maçã. sentar-me em frente ao mar. estar só. entrelaçar os dedos. subir umas escadas. a correr. e engolir o passo da respiração. dormir. pela tarde. sentir o sol. quente. na face fria. as tardes de outono. a areia da praia a embrulhar os pés. escrever para ti. namorar-te. beber água gelada da mangueira. andar à chuva. pegar-te a mão. cheirar-te o cabelo. cruzar os braços. enfiar o rosto na almofada. um abraço. peito no peito. a rouquidão da voz. pela manhã. ler. um livro. e chorar. queimar um papel. com um segredo. escutar. o vento. roer. os nós dos dedos. sentir o gosto da saliva. com chocolate. encostar os joelhos ao rosto. e balançar. plantar uma flor. deixar um bolbo secar. passear. com passos lentos e vagarosos. sem pressa. sem cansaço. escolher um casaco quente. e enfiar um cachecol. sentir a respiração quente no pescoço. tomar-te a mão. escolher uma parte de ti. e um império. para reinar. andar ao fim do dia. pelas ruas. para observar os rostos.trautear. aquela canção. que dormiu connosco. embalar uma criança no colo. escutar o coração. por debaixo das mantas. esconder-me no escuro. encolher a sombra. balançar numa cadeira. assobiar. para imitar os pássaros. ver as folhas das árvores a crescer. dar nomes. às coisas. e depois. de coração cheio. abalar. para onde não saibam quem somos. beber chá. quente. vermelho. deixar a angústia em que te tive. e escolher nunca mais. saber de ti. perdoar-me. partir. vincar uma folha de papel. dobrar uma carta. escrever um endereço. e não colocar o remetente. olhar para um ponto no horizonte. desenhar uma máquina. e escolher um maquinista. para a fazer trabalhar. parar. à noite. não voltar ao mesmo lugar. e sem paz. morrer.