quarta-feira, julho 17, 2013

XVII.

as nossas mãos. nunca foram tão tristes. como hoje. e tu. não sabes. dizer. como se fecharam os teus dedos. em volta. da minha mão. aberta. e eu. não sei dizer. como o fizeste. tão silenciosamente. que ninguém ouviu. o entrelaçar. dos teus dedos. e a minha mão a fechar-se. 

eu sei. que todas as histórias. de amor. não existem. e que quando. a noite. chegou. e nós nos beijámos. as luzes. daquela rua. gelada. apagaram-se. e ninguém. nos viu. a escrever. sobre a nossa história. de amor. nem como terminou. o nosso beijo. ou mesmo. se fizemos juras de amor. ou se apenas. nos abraçámos. na distância. que as roupas dos nossos corpos. permitiram.

eu sei. que a minha voz. nunca foi tão quente. como hoje. enquanto. te falo. e te digo. e te conto. como. tudo. o que te quis dizer. se apagou. como deixei. de sentir. as palavras. 

meu. amigo. eu sei. que tu. não sabes olhar o mar. nem fazer aviões de papel. eu sei. que tu. já não te lembras disso. 


sexta-feira, julho 12, 2013

XVI. 

tenho a coragem. que só o dia pode ter. quando acaba. e a força. embargada na voz. destinada a dizer-te. as palavras que não me sabes dizer. o rosto. fechado. à procura. de um caminho mais curto. entre o lugar onde me deito. e aquele onde acordo. e as mãos. gastas. e dormentes. que nada conseguem agarrar. senão. o pó. dos dias secos. e a chuva. miúda. dos finais de tarde de dezembro. cinzento. e mudo. 

visto-me. de todas as coisas por onde. passo. e não sei. se o que levo dentro dos bolsos. é a saudade do sono que deixei. acabar dentro de mim. se a desesperança. o esquecimento. e a vaga memória. de como estava o mar pela manhã. ou se mesmo. o calor do teu corpo. amarrado aos meus lábios. enquanto. dormias ao meu lado.

onde está o meu amor.