quinta-feira, abril 25, 2013

XII.

as horas. que passei. sem te ter.

e um funeral. acabado. de chegar até aqui.. fez o tempo parar. e eu. sem saber. de ti. nem em que mão agarrar. quando. deitaram. aquele corpo na terra. seca. e o vento a sussurrar  por entre os meus dedos. vazios. e sós.  e eu. sem te ouvir. nem o teu coração. batia. perto do meu. nem. a tua voz. tremia. junto de mim. nada. aconteceu. e eu acabei por. ficar só. a ver. aquele corpo. a chegar-se à terra. seca. e já adormecido. e sem flores. 

e até ao fim. pensei. quando eu. fosse. igual àquele corpo. não te queria. junto de mim. a agarrar-me a mão. 


quarta-feira, abril 17, 2013

XI.

eu. digo. adeus. tu. perguntas. lembraste-te. de mim. e eu. de rosto fechado. e com o frio da noite. a quebrar-me os ossos. não respondo. porque naquela dia cinzento. de janeiro. deixei-te. partir. e assim. fecho-me por dentro. como se as costas. me empurrassem para dentro o peito. e sigo o meu caminho.

tu. dizes. que sou uma parte de ti. eu. escondo-me na minha carne. e não sei o que fazer com tão pouco espaço. que me resta. quando não estás. e num gesto lento. sacudo das minhas roupas. a chuva de março. quando entro em ti. e me perco. e não sei para onde vou. ou se existe mais que este amor. 

eu falo. em silêncio. contigo. e nem os mortos. que deixei. enterrar sobre a fraqueza. das minhas mãos. me ouvem. doente. faço-me prisioneiro. do meu castigo. sem ti. e tu. não sabes. disso.


sábado, abril 13, 2013

X.

pronto. para partir. e para nunca mais voltar. para deixar. aqui. tudo. e se possível. nada. porque não se deixa qualquer coisa para trás. quando deixamos. tudo. 

para quem fica. não deixo nada. nem tudo. nem a sombra. queimada na parede. e no soalho. e o meu cheiro. nos livros que li. e nos lençóis. onde me deitei. nem o pó. sobre a superfície de todos os objectos. que já não são meus.

tenho uma ternura ainda por descobrir. mas que já não pertence aqui. nem a esta vida. tenho ainda. uma parte de mim. pronta. para ficar. sem nada. com tudo.